segunda-feira, 29 de novembro de 2010




A bandeira brasileira hasteada por policiais civis da CORE (coordenadoria de operações especiais), no alto do morro do Complexo de Favelas do Alemão,  resume o sucesso de uma operação histórica e sem precedentes no estado do Rio de Janeiro.

O ato, que representa a ocupação de um território, ou a retomada dele, tem em seu marco simbólico uma reedição da invasão de aliados americanos à Iwo Jima, em 1944,  naquela que foi considerada uma das batalhas mais sangrentas da Segunda Guerra Mundial, quando  soldados americanos fincaram a bandeira americana no ponto mais alto da ilha japonesa, produzindo uma das imagens mais visitadas e revisitas de toda história da fotografia de Guerra.

Esta Guerra, a segunda, entretanto, é considerada, até hoje, uma das mais importantes da história mundial, por guardar características peculiares. Uma delas seria a consciência de todos os envolvidos sobre a identidade do inimigo a ser combatido: Adolph Hitler. Entre tantas outras, o planejamento da invasão da Normandia, por aliados, no chamado dia D, que libertou a França da dominação alemã.

No Rio de Janeiro, pela primeira vez, em 30 anos de dominação de traficantes nas favelas de Vila Cruzeiro e o Complexo de Favelas do Alemão, um governo carioca decide pulverizar a marginalidade da região e garantir o direito constitucional da liberdade que cada cidadão, de bem, tem de direito.

Diferente das centenas de operações policiais kamikazes, ordenadas por governos desorientados ou interesseiros, e que somente serviam para matar seres humanos, ou dar satisfação à sociedade, através da imprensa , o que se viu, neste histórico domingo (que podemos também chamar dia D),  foi uma operação eficiente, percebida por uma população de bem, sequestrada de seus direitos, e por policiais, como uma ação contundente e efetivamente honesta.

Depois de tanto tempo de esquecimento, não seria razoável considerar esta a batalha mais importante. Muitas batalhas eficientes deverão ser orquestradas, até a Copa do Mundo de 2014, para consolidar a autonomia governamental. E somente o futuro nos dirá se o que aconteceu, neste domingo, foi uma pressão internacional ou uma mudança efetiva de filosofia.


Texto de Paulo Toscano